## **Capítulo 10 – Vozes no Gelo**
O frio do norte não era apenas uma questão de temperatura — era um silêncio que penetrava até os ossos, um vazio que parecia absorver o som, a luz, e até os pensamentos mais profundos.
Azazel caminhava entre as pedras congeladas, os pés afundando levemente na neve espessa. Seus olhos estavam semicerrados, protegendo-se do vento cortante. Atrás dele, a caravana avançava com dificuldade. A neve havia começado a cair novamente, cobrindo rastros e confundindo os sentidos.
Após semanas de viagem e confrontos, **finalmente haviam alcançado a fronteira do continente norte**.
Uma muralha natural de montanhas negras marcava o fim das terras conhecidas. Do outro lado, estendia-se um território ancestral, intocado pela maioria dos reinos do sul: selvagem, cruel, e cheio de segredos esquecidos.
"Bem-vindos à Fronteira Gélida," anunciou Maedhros, desmontando do cavalo. "A partir de agora, cada passo é território inóspito."
Azazel olhou para a vastidão branca que se estendia à frente. A energia ao seu redor já havia mudado.
Havia algo naquela região... algo antigo.
E faminto.
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O primeiro acampamento em solo do norte foi erguido entre formações rochosas congeladas. O vento soprava sem piedade, assobiando entre os desfiladeiros. As fogueiras mal conseguiam manter a chama viva. Até os soldados mais experientes pareciam inquietos. O mundo ali parecia observar em silêncio.
Azazel isolou-se dos outros, sentando-se no alto de uma pedra coberta de neve. A energia em seu Dantian girava firme. Densa. Estável. Mas sua mente dizia o que o instinto já sabia:
**Aquilo não seria suficiente** no norte.
A quietude foi interrompida quando Maedhros se aproximou. Seus olhos analisavam o ambiente com calma incomum.
"Você sente isso, não sente?"
Azazel assentiu lentamente.
"Há algo enterrado por aqui."
"Mais do que algo. Há **restos de uma era antiga**."
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Na manhã seguinte, enquanto todos ainda dormiam, o solo estremeceu.
Não como em um terremoto natural.
Mas como o respirar de um monstro adormecido sob o gelo.
Azazel já estava de pé quando o primeiro tremor veio. E sentiu, imediatamente, de onde vinha.
Seguiu sozinho até uma ravina próxima, onde uma antiga torre caída jazia coberta por camadas de neve. As pedras estavam esculpidas com símbolos estranhos, diferentes de tudo que já havia visto nos livros.
Logo, Maedhros o alcançou, sorrindo como se soubesse que aquilo aconteceria.
"Você encontrou."
"O que é isso?"
"Um templo do ciclo antigo. Antes mesmo dos impérios modernos. Aqui foi selada uma das criaturas que **tentou romper para o nível 2... e falhou**. Seu corpo ainda pulsa. E está esperando alguém como você."
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Sob a torre em ruínas, o interior era um templo de pedra negra e gelo puro. Runas esquecidas brilhavam fracamente. Um altar coberto por ossos jazia no centro da câmara, rodeado por colunas quebradas.
Maedhros traçou um círculo mágico com precisão.
"Você enfrentará a fera. Se vencer... seu corpo e sua alma evoluirão."
"E se eu perder?"
"Então saberemos seus limites."
Azazel apenas caminhou em direção ao altar.
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O gelo começou a trincar.
Um grunhido profundo ecoou, como o sussurro da própria morte.
E então **ela emergiu**.
Mais de cinco metros de altura, corpo serpentino, escamas esbranquiçadas que refletiam a luz como cristal. Olhos de puro ódio. Presas gélidas e garras longas como lanças.
**Besta Mágica de Nível 1 – Camada Final, prestes a romper para o Nível 2.**
O poder que emanava dela tornava difícil respirar.
Azazel sorriu.
"É você."
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A batalha foi brutal.
A criatura atacou como um raio congelado, sua cauda partindo colunas de pedra ao meio. Azazel desviou, escorregando pela neve, seus movimentos cada vez mais instintivos, mais animais.
Cravou os dedos nas escamas — e foi repelido.
Seu ombro foi perfurado por uma garra. A neve ficou tingida de vermelho. Ele caiu, girou o corpo, e cravou os dentes na perna da criatura.
**O Dantian reagiu.**
A energia começou a fluir.
Mas ela resistia.
A besta rugiu e lançou-o contra uma parede. Seu corpo ricocheteou no gelo, ossos trincando.
Ele sorriu.
"Mais."
As mãos começaram a brilhar. A névoa de sangue emergiu. A energia líquida no Dantian girava como um vórtice selvagem.
Azazel saltou.
Cravou os punhos nos olhos da criatura.
E liberou tudo.
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A explosão de energia fez o gelo no teto rachar.
A criatura gritou.
Depois, caiu.
Azazel ficou em silêncio por alguns instantes, sentindo o sangue escorrer pela face. E então agiu com naturalidade.
**Ajoelhou-se sobre o cadáver ainda quente.**
Cravou os dentes no pescoço da criatura e começou a devorar a carne.
Mastigava sem hesitar.
A pele gelada, os músculos fibrosos, os ossos crocantes.
**Cada mordida alimentava seu Dantian.**
**Cada trago de sangue reforçava sua mente.**
**Cada pedaço de carne impulsionava seu corpo.**
Era um ritual instintivo, quase sagrado. Como se sua própria existência dependesse disso. Porque dependia.
**Azazel sempre devoraria os inimigos que matasse.**
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Quando terminou, o corpo da criatura já não passava de uma carcaça vazia.
O Dantian fervia.
O corpo pulsava.
As impurezas saíam pelos poros como vapor carmesim.
**Camada Intermediária completa.**
**Esfera Mental expandida.**
**O corpo adaptado à pressão do norte.**
Maedhros se aproximou devagar, olhando os restos da criatura.
"Você devorou tudo."
"Eu sempre devoro."
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Na volta ao acampamento, os soldados se afastaram dele, em silêncio. Lizzie o observava à distância, o olhar confuso entre orgulho e medo.
Ela sabia. Algo nele estava mudando depressa demais.
E talvez fosse tarde demais para pará-lo.
Naquela noite, Maedhros reuniu os líderes da comitiva.
"Não vamos apenas atravessar o continente norte," disse. "Vamos estudar esse território com ele. Com **Azazel**. E ver até onde ele pode ir."
"Ele ainda é um garoto," murmurou um cavaleiro.
Maedhros não respondeu de imediato. Apenas olhou para o céu estrelado, onde uma aurora estranha dançava sobre as montanhas.
"Só por fora."
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## **Estado Atual de Azazel**
* **Dantian de Sangue**: Estágio Líquido – Condensado, rubro-escuro, girando com estabilidade avançada.
* **Corpo**: Camada Intermediária – Completa. Adaptação à pressão mágica do continente norte.
* **Mente (Esfera Mental)**: Expansão contínua. Capacidade de cálculo, antecipação e foco muito superior.
* **Combate**: Derrotou e devorou uma **besta mágica de nível 1 – camada final, prestes a romper para o nível 2**, em combate direto.
* **Limite Atual**: Preparado para caçar no continente norte. Ainda abaixo de magos de nível 3, mas já ultrapassa cavaleiros comuns de nível 1 na Terceira espada.