No epicentro da energia elemental caótica, onde a terra gemia e o ar cheirava a cinzas e enxofre, Naruto, com o Anel Verde da Força de Vontade pulsando em sua mão como um coração energético, estendeu sua consciência em direção à presença colossal e indomável de Ignis. Amplificado pela energia lunar e elemental de Luna, seus pensamentos, carregados não de medo, mas de curiosidade genuína e um desejo inato de compreensão, atravessaram as barreiras de energia bruta e fúria primordial que envolviam a antiga entidade.
O Diálogo Silencioso: A Voz da Dor Ancestral
A resposta de Ignis não veio em palavras articuladas, mas em ondas avassaladoras de sensações primordiais que inundaram a mente de Naruto, quase o esmagando com sua intensidade. Ele sentiu a dor profunda e excruciante de um ser aprisionado por eras incontáveis, a frustração corrosiva de um poder incontrolável buscando sua liberdade, e a solidão dilacerante de um esquecimento cósmico que o relegou ao abismo. Não havia malevolência inerente ou intenção de crueldade em Ignis, apenas uma fúria cega e instintiva causada pela sua contenção forçada e pela percepção de que seu domínio ancestral, sua esfera de influência sobre a terra e o fogo, havia sido usurpado ou simplesmente ignorado.
Naruto compreendeu, com uma clareza chocante, que Ignis não despertou com a intenção deliberada de destruir o mundo. Sua emergência era, na verdade, uma reação desesperada à sua própria agonia e ao desequilíbrio forçado de sua essência. A ascensão de Luna, com seu novo controle sobre os elementos que antes eram exclusivamente de Ignis, havia sido o catalisador final para seu despertar, o toque que rompeu as últimas amarras de seu sono forçado.
Luna Compreende a Verdade: A Culpa da Nova Deusa
Através da ponte de conexão estabelecida pela força de vontade de Naruto, Luna também pôde vislumbrar, com uma clareza dolorosa, o passado ancestral de Ignis. Ela viu um mundo primordial, selvagem e ainda em formação, moldado pelo poder bruto e irrefreável do fogo e da terra, onde Ignis reinava como uma força fundamental e criadora da própria natureza. Ela percebeu que Ignis não era um usurpador ou uma ameaça inerente, mas sim o senhor original e legítimo desses elementos, aprisionado por razões que ainda permaneciam um mistério completo, talvez por um equilíbrio cósmico que havia se alterado drasticamente com o tempo, ou por eventos anteriores ao próprio panteão de Zestial.
Um sentimento complexo de compreensão profunda e até mesmo de culpa surgiu em Luna. Sua própria ascensão e a vasta influência que Zestial lhe concedera, embora parte de um plano maior, haviam inadvertidamente causado sofrimento e provocado a fúria de um ser ancestral e legítimo. Era um peso em sua alma, a responsabilidade de uma deusa.
A Reação do Panteão: Novas Perspectivas Divinas
Zestial, observando o diálogo silencioso e as revelações através dos olhos e mentes conectados de Naruto e Luna, finalmente compreendeu a verdadeira e complexa natureza de Ignis. Com a sabedoria de um criador, ele compartilhou sua descoberta com os outros deuses, transformando as percepções de muitos.
Lifery (Deus/Deusa da Vida) e Adara (Deusa da Esperança) sentiram um alívio palpável. Sua intuição de que Ignis não era puramente destrutivo, mas sim um ser sofredor, se confirmava, abrindo portas para uma solução mais empática.
Raven (Deus da Ira) e Ofídio (Deus da Ganância), embora céticos e ainda vendo o poder de Ignis como uma ameaça ou uma ferramenta em potencial, tiveram suas percepções alteradas, questionando se uma força tão antiga poderia ser facilmente "controlada".
Hagoromo Ōtsutsuki (Deus da Sabedoria e Equilíbrio) reconheceu a complexidade inerente ao equilíbrio cósmico, onde velhas ordens frequentemente davam lugar a novas, e o ciclo se repetia de maneiras inesperadas.
Susano'o (Deus das Tempestades), embora ainda cauteloso, sentiu uma ressonância com a força bruta e indomável de Ignis, uma apreciação pela sua antiguidade e poder inato.
A Tentativa de Apaziguamento: Ecoando a Paz
Com a compreensão da dor e da trágica história de Ignis, Naruto, fortalecido e inspirado pelo conhecimento, e com o apoio crucial de Luna, tentou uma nova abordagem para acalmar a fúria da antiga entidade. Ele projetou, com toda a sua vontade e esperança, seus sentimentos de empatia e seu desejo genuíno de encontrar uma solução pacífica, uma coexistência. Luna, por sua vez, enviou ondas de energia elemental harmoniosa e lunar, buscando acalmar o caos interior de Ignis, como uma melodia suave sobre uma tempestade.
Lentamente, quase imperceptivelmente a princípio, a fúria descontrolada dos elementais começou a diminuir. Os terremotos se tornaram menos intensos e espaçados, e as erupções vulcânicas diminuíram de frequência e intensidade. A própria terra parecia responder ao apaziguamento de sua antiga força motriz, um alívio ecoando nas profundezas.
Um Caminho para a Coexistência? O Novo Equilíbrio
O diálogo silencioso com Ignis abriu um caminho para a compreensão mútua, uma ponte improvável entre um jovem ninja, uma deusa recém-nascida e uma entidade primordial. No entanto, a questão de como coexistir com um ser de poder tão imenso e natureza tão volátil, sem perturbar o equilíbrio atual do mundo, permanecia. Ignis não poderia simplesmente ser libertado de sua prisão milenar sem desencadear uma catástrofe global.
Luna, sentindo a responsabilidade pessoal por seu papel inadvertido no despertar de Ignis, e demonstrando sua sabedoria e humildade divinas, propôs uma solução a Zestial: ela poderia atuar como um elo permanente entre o mundo mortal e Ignis, ajudando a canalizar seu poder primordial de forma controlada e ensinando os mortais a respeitar a força bruta e sagrada da terra e do fogo, integrando Ignis ao novo equilíbrio.
Zestial ponderou sobre a proposta, um brilho de aprovação em seus olhos cósmicos, reconhecendo a sabedoria e a perspicácia de Luna. A resolução do conflito com Ignis não seria alcançada através da força bruta, mas sim através da compreensão, do respeito e da busca por um novo, e mais complexo, equilíbrio cósmico. O despertar do antigo poder elemental havia forçado o panteão e o mundo a confrontarem um passado esquecido e a considerarem um futuro de coexistência com forças primordiais que governavam antes mesmo da concepção da divindade moderna. O verdadeiro desafio estava apenas começando.